segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cidade deve ser repensada tendo as pessoas como foco principal

Foto:
Como deve ser a cidade ideal? Esta pergunta orientou o debate sobre ‘Projeto de mobilidade urbana do ponto de vista de uma cidade acessível e sustentável’, ocorrido nesta quinta-feira (31), na sede do Sindicato dos Técnicos do Tesouro do Rio Grande do Sul (Afocefe). O encontro, organizado pelo deputado Adão Villaverde (PT), fez parte do programa ‘Diálogos com Porto Alegre Temáticos’, que está analisando propostas para qualificar a capital. A reunião de ontem – a quarta da série, já estiveram em pauta saúde, segurança e direitos humanos – teve como convidados os professores da Ufrgs Antônio Cattani, do Instituto de Sociologia, e Benamy Turkienicz, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo; a presidente da Faders (Fundação de Amparo ao Deficiente do RS), Marli Conzatii; Marcelo Sgarbosa, do movimento Massa Crítica; Luis Carlos Berttoto, secretário de Transportes e Mobilidade Urbana em Canoas e Humberto Kasper, presidente do Trensurb.

Ao apresentarem suas idéias para Porto Alegre, os especialistas fizeram um alerta: o atual modelo de expansão desordenada atingiu o esgotamento. “Precisamos repensar a cidade a partir das pessoas e efetuar mudanças radicais para garantir que os cidadãos se desloquem com qualidade, segurança e rapidez, independente do meio de transporte ou caminhando”, argumentou Villa. Segundo o professor Cattani, que apresentou o projeto Bela Cidade, é preciso romper com o autismo, conceito que define a supremacia do automóvel sobre o ser humano: “a dependência do carro e a circulação não planejada destes veículos gerou estrangulamentos que causam transtornos não só de mobilidade, mas de saúde e econômicos”, salientou, citando, o índice de acidentes de trânsito, stress, poluição, obesidade, problemas cardíacos e depressão, como alguns dos danos à saúde relacionados ao trânsito pesado.

Se a situação é grave para as pessoas que não possuem nenhuma deficiência, os 300 mil moradores de Porto Alegre com alguma deficiência - visual, física, mental ou auditiva - enfrentam obstáculos muito maiores. “Queremos que a cidade ofereça acessibilidade universal, defendeu a presidente da Faders, lembrando que prédios públicos, praças, banheiros públicos, escolas, transporte coletivo, bancos, pontos de cultura e lazer não estão equipados com rampas, pisos e sinalizações especiais. “Se o lugar não está pronto para receber a todos, o local é deficiente, e esta é a nossa realidade”, observou Marli.
A demarcação de ciclovias foi apontada por todos como fundamental para um novo desenho da mobilidade em Porto Alegre. Conforme Marcelo Sgarbosa, o uso da bicicleta, além de saudável, econômico e reduzir congestionamentos, incentiva relações comunitárias, aproximando os usuários. “O que está em xeque é se a cidade é para as pessoas ou para os carros, pois todo o modelo foi montado para não atrapalhar o automóvel, sendo o oposto do que consideramos a cidade ideal”, expressou o ciclista.

A qualificação do transporte coletivo foi considerada estratégica na humanização da capital gaúcha. Para isto, foram propostas integração de linhas, entre as diferentes modalidades (ônibus, trem, metrô, lotação), com equipamentos de acessibilidade, ampla divulgação dos horários e trajetos, um sistema compreendendo a região metropolitana, já que os empecilhos à mobilidade urbana se formam, além do desenvolvimento de meios alternativos para deslocamentos curtos e/ou interbairros. Também foram apontados como fatores importantes para desafogar e qualificar a cidade a valorização do centro histórico e dotar os bairros com estrutura de serviços, permitindo que as pessoas permaneçam maior tempo perto do seu local de moradia. “Temos exemplos de várias grandes cidades do mundo que reagiram aos entraves à mobilidade e Porto Alegre tem condições de fazer o mesmo ainda ousar, exportando um modelo de cidade inteligente, acessível e sustentável, com espaço para pedestres, carros e bicicletas, avaliou o professor Benamy Turkienicz.

Diálogos com Porto Alegre

Nenhum comentário:

Postar um comentário